sexta-feira, agosto 25, 2006

Quantas vezes?

Quantas vezes contemplei o mar e toda a sua imensidão,
E mergulhei nas suas ondas intensas e dei de mim,
E lhe ouvi a voz no eco de meus prantos?
Quantas vezes me resumi num luar intenso,
E me iludi por uma lua que não minha,
E não me vi no espelho dum espelhar imenso?
.
Quantas vezes contei estrelas miudinhas,
Daquelas que brilhei com elas o seu brilho,
E depois não as tinha mais comigo?
Quantas vezes vagueei nos pastos destes campos,
E cheirei os aromas do rosmaninho,
E me entreti descalça sobre as ervas molhadas?
.
Quantas vezes me deleitei em águas paradas?
Deste rio onde me banhei, e me refresquei,
Deste rio que já me perdeu!
Quantas vezes senti a brisa em meu rosto?
Vir de mansinho pousar em meu regaço,
Refrescando o cansaço dos meus sentidos?
.
Quantas vezes dei por mim pensando?
Quantas vezes dei por mim esquecendo?
Quantas vezes dei por mim lembrando?
Quantas, meu Deus, quantas?
.
Quantas vezes mais terei que em teus olhos olhar?
Para perceberes o quanto sou tua, apenas
E nem nas palavras grandes, nem pequenas
Manifesto este meu tão grande sentimento
E que a conjugação deste verbo que é amar
É feito no meu peito, contigo, a cada momento?
.

Quantas, meu Deus, quantas?

Quarta-feira, Janeiro 25, 2006